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CapĂ­tulo 1 - Parte 1

por Oliver J. Thatcher

CapĂ­tulo 1 - Parte 1

837.

Jaffé, IV, pp. 459 e ss.

A dissolução do Império de Carlos Magno começou no reinado de seu filho e sucessor, Luís, com a desintegração do serviço público e os ataques de normandos e eslavos na fronteira. As invasões dos normandos são mencionadas por Eginhardo como ocorrendo nos últimos dias de Carlos (n.º 7, capítulo 14). Nos reinados de Luís e de seus sucessores, os invasores devastaram continuamente as costas da Gália e da Alemanha setentrional, contribuindo materialmente para as aflições do período.

Esta carta refere-se, em sua última parte, a um desses ataques, mas é interessante principalmente como ilustração da atitude mental dos homens de sua época.

É crença de quase todas as autoridades antigas que o aparecimento de corpos celestes novos e desconhecidos pressagia aos miseráveis mortais eventos funestos e desastrosos, em vez de agradáveis e propícios. As escrituras sagradas apenas falam do aparecimento propício de uma nova estrela; isto é, a estrela que os sábios caldeus teriam visto quando, conjecturando a partir de sua luz mais brilhante o nascimento recente do rei eterno, trouxeram com veneração dons dignos da aceitação de um senhor tão grande. Mas o aparecimento desta estrela que surgiu recentemente é relatado por todos que a viram como terrível e maligna. E, de fato, acredito que prenuncia males que merecemos e anuncia uma destruição vindoura da qual somos dignos. Pois que diferença faz se este perigo vindouro é anunciado à raça humana por homem, anjo ou estrela? O importante é entender que este aparecimento de um novo corpo nos céus não é sem significado, mas que se destina a advertir os mortais para que possam evitar o mal futuro por arrependimento e orações. Assim, pela pregação do profeta Jonas, a destruição da cidade, que fora ameaçada por ele, foi adiada porque os habitantes se afastaram de suas iniquidades e vidas más.... Assim, confiamos que o Deus misericordioso também nos afastará este mal ameaçado, se, como eles, nos arrependermos de todo o coração. Quem dera que a destruição que a frota dos normandos supostamente infligiu a este reino recentemente pudesse ser considerada a ocasião suficiente para o aparecimento desta cometa, mas temo que seja antes algum novo sofrimento ainda a vir que é prenunciado por este terrível presságio.

16. Os Juramentos de Estrasburgo, 842.

Nithard, III, 5; M. G. SS. fĂłlio, II. pp. 665 e ss.

A ocasião destes juramentos foi a aliança entre os dois irmãos, Luís o Germânico e Carlos, o Calvo, contra seu irmão Lotário.

Lotário fora derrotado na batalha de Fontenoy, 841, por seus irmãos, que então fizeram esta liga. Os juramentos são dados nesta forma por Nithard, o historiador dos últimos carolíngios, que era filho de Angilberto e Berta, filha de Carlos Magno. A *lingua romana* e a *lingua teudisca* são as línguas vulgares respectivamente dos seguidores de Carlos, o Calvo, e Luís, o Germânico, ou seja, dos habitantes da França e da Alemanha. O aparecimento de um dialeto latino como língua dos habitantes do reino ocidental indica que os elementos romanos haviam, afinal, sobrevivido na Gália e estavam absorvendo os elementos germânicos; a formação de duas línguas mutuamente exclusivas nas duas porções do império sugere um estágio razoavelmente avançado de diferenciação entre as partes alemã e francesa. Mas o principal interesse deste documento reside no campo do estudo da linguagem. A *lingua romana* mostra um estágio inicial no desenvolvimento do francês a partir do latim, enquanto a *lingua teudisca* é uma das formas mais antigas do Alto Alemão Antigo. A *lingua romana* mostra o processo pelo qual a língua francesa cresceu do latim; note que as terminações flexionais desapareceram em grande parte, e o caso é mostrado pelo uso de preposições, e que mudanças fonéticas (mudanças de vogais e consoantes) também ocorreram. Algumas das palavras são bom latim, outras são muito próximas do francês moderno, e outras ainda ficam no meio do caminho entre o latim e o francês. A maioria das palavras na *lingua teudisca* pode ser identificada com palavras do alemão moderno. Note que cada líder fez o juramento na língua dos seguidores do outro, a fim de que os seguidores de seu irmão pudessem entendê-lo. Assim, Luís, o Germânico, fala em *lingua romana* e Carlos, o Calvo, em *lingua teudisca*.

Assim Luís e Carlos se encontraram em Argentária, que é chamada Estrasburgo na língua comum, e ali fizeram os juramentos que são dados abaixo, Luís falando em *lingua romana* e Carlos em *lingua teudisca*.... Luís, sendo o mais velho, fez o juramento primeiro, da seguinte forma:

— Pro deo amur et pro christian poblo et nostro commun salvament, d'ist di in avant, in quant deus savir et podir me dunat, si salvaraeio cist meon fradre Karlo et in aiudha et in cadhuna cosa, si cum om per dreit son fradra salvar dist, in o quid il mi altresi fazet, et ab Ludher nul plaid numquam prindrai, qui meon vol cist meon fradre Karle in damno sit.

Quando LuĂ­s terminou, Carlos fez o juramento em *lingua teudisca*:

— In godes minna ind in thes christânes folches ind unsêr bêdhero gehaltnissî, fon thesemo dage frammordes, sô fram sô mir got geuuiczi indi mahd furgibit, sô haldih thesan minan bruodher, sôso man mit rehtu sînan bruodher scal, in thiu thaz er mig sô sama duo, indi mit Ludheren in nohheiniu thing ne gegango, the mînan uuilon imo ce scadhen uuerdhên.

Tradução literal da *lingua romana*, sendo a *lingua teudisca* a mesma com os nomes trocados: "Pelo amor de Deus e pelo povo cristão e pela nossa salvação comum, a partir deste dia em diante, tanto quanto Deus me der sabedoria e poder, eu salvarei este meu irmão Carlos em ajuda e em cada coisa, como um homem deve salvar seu irmão, na medida em que ele faça o mesmo por mim; e nunca farei nenhum acordo com Lotário que, por minha vontade, possa prejudicar este meu irmão Carlos."

E este Ă© o juramento que os seguidores de cada um fizeram em suas prĂłprias lĂ­nguas:

Lingua romana:

— Si Lodhuuigs sagrament, que son fradre Karlo iurat, conservat, et Karlus meos sendra de suo part non los tanit, si io returnar non l'int pois: ne io ne neuls, cui eo returnar int pois, in nulla aiudha contra Lodhuuuig nun li iv er.

Lingua teudisca:

— Oba Karl then eid, then er sînemo bruodher Ludhuuuîge gesuor, geleistit, indi Ludhuuuîg mîn hêrro then er imo gesuor forbrihchit, ob ih inan es iruuenden ne mag: noh ih noh thero nohhein, then ih es iruuenden mag, uuidhar Karle imo ce follusti ne uuirdhit.

Tradução literal da *lingua romana*, a mesma que a outra com os nomes trocados: "Se Luís mantiver o juramento que fez ao seu irmão Carlos, e Carlos, meu senhor, por sua vez não o cumprir, se eu não puder impedi-lo, então nem eu, nem ninguém que eu possa impedir, o defenderei jamais contra Luís."

17-18. O Tratado de Verdun, 843.

17. Anais Bertinianos.

M. G. SS. fĂłlio, I, p. 440.

O Tratado de Verdun é a divisão do império entre os três filhos de Luís, o Pio: Lotário, Luís, o Germânico, e Carlos, o Calvo. Reconheceu o fracasso da tentativa de Carlos de fundir a Europa ocidental e as tribos germânicas em um único estado e marca o início dos estados da Alemanha e da França. O estudante deve seguir em um mapa a linha descrita no tratado. A longa e estreita faixa que compunha a porção setentrional do reino de Lotário não possuía elementos de coesão, geográfica, racial ou politicamente. Assim, tornou-se a terra de disputa sobre a qual os dois estados vizinhos da Alemanha e da França têm lutado desde então. O destino deste território do meio pode ser vislumbrado antecipadamente: a porção setentrional extrema passou para o império em 870 e formou o ducado da Lotaríngia, mas se fragmentou em pequenos territórios feudais praticamente independentes do império e finalmente se tornou separada como os Países Baixos; a porção central também se fragmentou em pequenos territórios, parte dos quais permaneceu no império, como o Palatinado do Reno, e os grandes bispados do Reno; parte, como a Alsácia e a Lorena, vacilou entre a França e a Alemanha; a porção meridional tornou-se os reinos da Borgonha Superior e Inferior, depois o reino unido da Borgonha ou Arles, e então, após a aquisição desse reino pelo império, fragmentou-se em pequenos territórios, parte indo para a Alemanha, parte para a França, e parte tornando-se independente.

Carlos encontrou-se com seus irmãos em Verdun e ali as porções do império foram atribuídas. Luís recebeu tudo além do Reno, incluindo também Espira, Worms e Mainz deste lado do Reno; Lotário recebeu a terra limitada [pela de Luís a oeste, e] por uma linha que seguia o Reno inferior, o Escalda e o Mosa, depois através de Cambrai, Hainaut, Lomme, incluindo os condados a leste do Mosa, até onde o Saône deságua no Ródano, depois ao longo do Ródano até o mar, incluindo os condados de ambos os lados do Ródano; o resto, até a Espanha, foi para Carlos.

18. Regino.

M. G. SS. fĂłlio, I, p. 568.

Ano 842 (843). Os três irmãos dividiram o reino dos francos entre si; a Carlos coube a porção ocidental, do Oceano Britânico ao Mosa; a Luís, a porção oriental, isto é, a Alemanha, tão a oeste quanto o Reno, incluindo certas cidades e seus condados a leste do Reno para lhe fornecer vinho; a Lotário, que, como o mais velho, ostentava o título de imperador, a parte intermediária, que ainda ostenta o nome de Lotaríngia, e toda a Provença e a terra da Itália com a cidade de Roma.

19. O Tratado de Meersen, 870.

M. G. LL. fĂłlio, I, p. 516; Altmann und Bernheim, n.Âş 4.

A porção setentrional do reino de Lotário foi dividida após sua morte (855) entre dois de seus filhos, Lotário e Carlos, o outro, Luís, tomando a Itália. Carlos morreu em 863 e Lotário em 869; então seus tios, Carlos, o Calvo, e Luís, o Germânico, dividiram esse território entre si pelo tratado de Meersen, cujas preliminares são dadas aqui. Veja um mapa para a linha de divisão.

No ano da encarnação de Nosso Senhor 870, a terceira indição, o dia antes das nonas de março [6 de março], no 32º ano do reinado do glorioso rei Carlos [o Calvo], no palácio do rei em Aachen, este acordo foi feito entre ele e seu irmão Luís.

Conde Ingelram, pelo rei Carlos.

— Prometo em nome de meu senhor que meu senhor, o rei Carlos, permitirá que seu irmão, o rei Luís, tenha a porção do reino de Lotário que ambos ou seus representantes decidirem como justa e equitativa. Carlos nunca o molestará na posse dessa porção ou do reino que antes possuía, se Luís, por sua vez, mantiver a mesma fé e fidelidade para com ele, que prometi em nome de meu senhor.

Conde Leutfrid, pelo rei LuĂ­s.

— Prometo em nome de meu senhor que meu senhor, o rei Luís, permitirá que seu irmão, o rei Carlos, tenha a porção do reino de Lotário que ambos ou seus representantes decidirem como justa e equitativa. Luís nunca o molestará na posse dessa porção ou do reino que antes possuía, se Carlos, por sua vez, mantiver a mesma fé e fidelidade para com ele, que prometi em nome de meu senhor.

20. Invasões dos Normandos no Final do Século IX.

Anais de Fulda, M. G. SS. fĂłlio, I, pp. 398 e ss.

Ver nota introdutória ao n.º 15 sobre a natureza dessas invasões. Os relatos da crônica neste e no próximo documento ilustram muito bem a necessidade que recaía sobre os funcionários locais de defender o país contra os invasores. A característica particular dos eventos narrados aqui é a participação dos senhores eclesiásticos, arcebispos e bispos, nessas empresas bélicas. Isso se deveu ao fato de que os senhores eclesiásticos eram grandes proprietários de terras e exerciam todas as funções de funcionários seculares.

Ad annum 883. Os normandos, subindo o Reno, saquearam e queimaram muitas aldeias. Liutberto, arcebispo de Mainz, com uma pequena tropa, atacou-os e, após matar muitos deles, recuperou grande parte do saque que haviam levado. Colônia [que havia sido incendiada pelos normandos em 881] foi reconstruída, exceto suas igrejas e mosteiros, e suas muralhas com seus portões e torres foram restauradas.

Ad annum 885. Os normandos entraram no território de Liège, coletaram todo tipo de provisões e se prepararam para passar o inverno ali. Mas Liutberto, arcebispo de Mainz, e o conde Heimrih, com outros, caíram sobre eles repentinamente, mataram muitos deles e os outros os expulsaram para uma pequena fortaleza. Então apreenderam as provisões que os normandos haviam coletado. Os normandos, após suportarem um longo cerco, durante o qual sofreram fome, finalmente fugiram da fortaleza durante a noite.

21. InvasĂŁo dos HĂşngaros, ca. 950.

Thietmar de Merseburg, II, 27; M. G. SS. fĂłlio, III, pp. 752 e ss.

Miguel, bispo de Regensburg, após governar bem sua diocese por alguns anos, reuniu suas tropas e juntou-se aos outros nobres bávaros para resistir a uma invasão dos húngaros. Na batalha que se seguiu, nossas tropas foram derrotadas. Uma das orelhas do bispo foi cortada, e após receber muitas outras feridas, ele foi deixado para morrer no campo. Um de seus inimigos pessoais caiu ao seu lado e, fingindo-se de morto quando os húngaros vasculharam o campo de batalha, ele escapou com vida.

Quando viu que estava sozinho com o bispo que odiava, pegou uma lança e tentou matá-lo. Mas o bispo, tendo recuperado a consciência, conseguiu defender-se e, após uma luta feroz com seu inimigo, conseguiu abatê-lo. Após uma longa e perigosa jornada, o bispo encontrou o caminho de volta para Regensburg, para grande alegria de seu rebanho. Todo o seu clero o saudou como um guerreiro audaz, seu rebanho o honrou e o amou como um excelente pastor, e suas feridas e mutilação redundaram em sua honra.

22. Dissolução do Império.

Regino, M. G. SS. fĂłlio, I, pp. 590 e ss.

O império dividido em 843 foi reunido por um breve período sob Carlos, o Gordo, de 884 a 887. Mas o fracasso de Carlos em impor sua autoridade no império ou em proteger suas fronteiras levou à sua deposição e à divisão definitiva do império em pequenos reinos sob governantes locais. Arnulfo, um filho ilegítimo de Carlomano, irmão de Carlos, o Gordo, tornou-se rei da Alemanha; na França, já em 879, a Provença ou Borgonha Inferior elegeu um conde local, Boso, como rei; em 888, após a deposição de Carlos, o Gordo, a maioria dos nobres franceses elegeu Odo, duque da França, que pertencia à família dos condes de Paris, como seu rei, enquanto a Borgonha Superior escolheu seu próprio governante, o conde Rodolfo, e a Aquitânia ainda resistia sob seu duque em favor do jovem Carlos, o Simples, neto de Carlos, o Calvo. Na Itália, Carlos, o Calvo, Luís e Carlos, o Gordo, tentaram em vão afirmar a autoridade do imperador ali, e a Itália seguiu seu próprio caminho e tornou-se o campo de batalha entre reivindicadores rivais da coroa, ambos nobres italianos locais. Assim, em 888, havia, incluindo a Aquitânia, seis reinos separados: Alemanha, Itália, França, Aquitânia, Provença e Borgonha.

Ano 879. Boso, ao saber da morte de Luís [o Balbo], partiu da Provença e empreendeu a conquista de toda a Borgonha. E depois de ter conquistado vários bispos ao seu lado por ameaças e persuasão, dirigiu-se a Lyon e ali foi ungido rei sobre o reino da Borgonha por Aurélio, o metropolitano de Lyon, e pelos outros bispos. Ele ignorou os jovens filhos de Luís, tratando-os como ilegítimos porque sua mãe fora desgraçada e afastada por ordem de Carlos [o Calvo]. Mas esses jovens, Luís e Carlomano, foram elevados ao trono pelo abade Hugo e pelos outros nobres, e guerrearam contra Boso por toda a vida. Não só eles, mas também os outros reis dos francos o odiavam por sua usurpação, e fizeram com que seus duques e vassalos prometessem que tentariam derrubá-lo e matá-lo.

Ano 887. Neste ano morreu em Orléans o abade Hugo, que havia detido e governado com virilidade o ducado [de Roberto o Forte, isto é, a França], e o ducado foi dado pelo imperador ao filho de Roberto, Odo, que até então era conde de Paris, e que, juntamente com Gozlim, bispo de Paris, havia protegido aquela cidade com todas as suas forças contra os terríveis ataques dos normandos....

No mês de novembro, no dia de São Martinho [11 de novembro de 887], Carlos [o Gordo] veio a Tribur e realizou uma assembleia geral. Ora, quando os nobres do reino viram que o imperador estava falhando não apenas em força corporal, mas também em mente, uniram-se em conspiração com Arnulfo, filho de Carlomano, para elevá-lo ao trono, e se afastaram do imperador para Arnulfo em tal número que, após três dias, mal restava alguém para prestar ao imperador sequer os serviços exigidos pela comum humanidade.... O rei Arnulfo, entretanto, deu a Carlos certas terras imperiais na Alemânia para sua subsistência, e então, após ter resolvido os assuntos na Franconia, ele próprio retornou à Baviera.

Ano 888. Após a morte de Carlos, os reinos que obedeceram ao seu governo se desintegraram e não mais obedeceram ao seu senhor natural [ou seja, Arnulfo], mas cada um elegeu um rei de entre seus próprios habitantes. Esta foi a causa de muitas guerras, não porque não houvesse mais príncipes entre os francos aptos por nascimento, coragem e sabedoria para governar, mas devido à igualdade dessas mesmas qualidades entre tantos príncipes, pois nenhum deles se destacava tanto dos outros que estariam dispostos a obedecer a ele. Pois ainda havia muitos príncipes capazes de manter o império franco unido, se não tivessem sido destinados a se opor uns aos outros em vez de se unirem.

Na Itália, uma parte do povo fez de Berengário, filho de Everardo, marquês de Friuli, rei, enquanto outra parte escolheu como rei Guido, filho de Lamberto, duque de Spoleto. Dessa divisão veio tanta contenda e tanto derramamento de sangue que, como disse Nosso Senhor, o reino, dividido contra si mesmo, foi quase levado à desolação [Mateus 12:25]. Finalmente Guido foi vitorioso e Berengário foi expulso do reino....

Então o povo da Gália se reuniu e, com o consentimento de Arnulfo, escolheu o duque Odo, filho de Roberto, um homem poderoso, para ser seu rei.... Ele governou com virilidade e defendeu o reino contra os contínuos ataques dos normandos.

Por volta da mesma época, Rodolfo, filho de Conrado, sobrinho do abade Hugo, apoderou-se da parte da Provença entre o Jura e os Alpes Peninos [Borgonha Superior] e, na presença dos nobres e bispos, coroou-se rei. ... Mas quando Arnulfo soube disso, avançou contra Rodolfo, que se retirou para as alturas mais inacessíveis e ali resistiu. Durante toda a sua vida, Arnulfo, com seu filho Zwentibold, guerreou contra Rodolfo, mas não conseguiu subjugá-lo, pois ele se manteve em lugares onde apenas a camurça podia ir e onde as tropas dos invasores não podiam alcançá-lo.

23. A Coroação de Arnulfo, 896.

Regino, M. G. SS. fĂłlio, I, p. 607.

Arnulfo se considerava o sucessor de Carlos Magno e tentou exercer alguma autoridade real sobre todo o império. Isso aparece em suas relações com Odo da França, com os reis da Borgonha e com os pretendentes na Itália. A expedição que empreendeu à Itália a fim de acabar com a desordem ali resultou em seu recebimento da coroa imperial.

Ano 896. Pela segunda vez Arnulfo desceu para a Itália e chegou a Roma, e com o consentimento do papa saqueou a cidade. Esta foi uma coisa sem precedentes, não tendo ocorrido desde que Brenno e os gauleses capturaram Roma muitos anos antes do nascimento de Cristo.{54} A mãe de Lamberto, a quem ele deixara para defender a cidade, fugiu com suas tropas. Arnulfo foi recebido na cidade com a maior reverência pelo papa Formoso e foi coroado imperador por ele diante do altar de São Pedro. Mas ao retornar de Roma, foi acometido por uma doença que o afligiu por muito tempo.

{54} NĂŁo Ă© verdade; ver n.Âş 2, sobre o saque de Roma por Alarico, 410, e por

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