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Fábulas de Esopo

por Esopo

Capítulo 1 - Parte 1

A RAPOSA E AS UVAS

Uma raposa faminta viu alguns belos cachos de uvas pendurados numa parreira que se estendia por uma treliça alta, e fez o seu melhor para alcançá-los, saltando o mais alto que conseguia. Mas foi tudo em vão, pois estavam fora do seu alcance; então desistiu de tentar e afastou-se com ar de dignidade e indiferença, a comentar:

— Pensei que aquelas uvas estavam maduras, mas agora vejo que são bastante azedas.

A GALINHA DOS OVOS DE OURO

Um homem e a sua mulher tiveram a sorte de possuir uma galinha que punha um ovo de ouro todos os dias. Por mais sortudos que fossem, depressa começaram a achar que não estavam a enriquecer suficientemente rápido e, imaginando que a ave devia ser feita de ouro por dentro, decidiram matá-la para se apoderarem de todo o estoque de metal precioso de uma vez. Mas quando a abriram, descobriram que era como qualquer outra galinha. Assim, nem enriqueceram de uma só vez, como esperavam, nem desfrutaram mais da adição diária à sua riqueza.

Quem tudo quer, tudo perde.

O GATO E OS RATOS

Havia uma casa infestada de ratos. Uma gata soube disso e disse para si:

— Esse é o lugar para mim.

E lá foi ela, instalou-se na casa e apanhou os ratos um por um, comendo-os. Por fim, os ratos não aguentaram mais e decidiram refugiar-se nos seus buracos e lá ficar.

— Isso é complicado — disse a gata para si. — A única coisa a fazer é seduzi-los para fora com um truque.

Então ela ponderou um pouco, subiu a parede e deixou-se pendurar pelas patas traseiras num prego, fingindo-se morta. Pouco depois, um rato espreitou e viu a gata pendurada ali.

— Aha! — gritou ele. — É muito esperta, senhora, sem dúvida: mas pode transformar-se num saco de farinha pendurado aí, se quiser, que não nos apanhará a chegar perto de si.

Se fores sábio, não te deixarás enganar pelos ares inocentes de quem já descobriste ser perigoso.

O CÃO TRAVESSO

Havia um cão que costumava morder as pessoas sem provocação, e que era um grande incômodo para todos os que iam à casa do seu dono. Então, o seu dono prendeu um sino ao pescoço dele para alertar as pessoas da sua presença. O cão ficou muito orgulhoso do sino e passeava, tilintando-o com imensa satisfação. Mas um cão velho aproximou-se dele e disse:

— Quanto menos ares te deres, melhor, meu amigo. Não pensas, pois não, que o teu sino te foi dado como recompensa por mérito? Pelo contrário, é um distintivo de desgraça.

A notoriedade é frequentemente confundida com a fama.

O CARVOEIRO E O ABREVIDOR

Houve um carvoeiro que vivia e trabalhava sozinho.

Um abrilhantador, contudo, apareceu e estabeleceu-se na mesma vizinhança; e o carvoeiro, tendo feito a sua amizade e achando-o um sujeito agradável, perguntou-lhe se gostaria de vir e partilhar a sua casa:

— Vamos conhecer-nos melhor dessa forma — disse ele —, e, além disso, as nossas despesas domésticas serão diminuídas.

O abrilhantador agradeceu-lhe, mas respondeu:

— Não poderia pensar nisso, senhor: ora, tudo o que me esforço tanto para branquear seria enegrecido em pouco tempo pelo seu carvão.

OS RATOS EM CONSELHO

Era uma vez, todos os ratos se reuniram em conselho e discutiram os melhores meios para se protegerem dos ataques do gato.

Depois de várias sugestões terem sido debatidas, um rato de alguma posição e experiência levantou-se e disse:

— Acho que encontrei um plano que garantirá a nossa segurança no futuro, desde que o aprovem e o ponham em prática. É que devemos prender um sino ao pescoço do nosso inimigo, o gato, que pelo seu tilintar nos avisará da sua aproximação.

Esta proposta foi calorosamente aplaudida, e já se tinha decidido adotá-la, quando um rato velho se levantou e disse:

— Concordo com todos vós que o plano que temos diante de nós é admirável: mas posso perguntar quem vai pôr o sino no gato?

O MORCEGO E AS FUINHAS

Um morcego caiu no chão e foi apanhado por uma fuinha, e estava prestes a ser morto e comido quando implorou para ser solto. A fuinha disse que não podia fazer isso porque era inimiga de todos os pássaros por princípio.

— Ah, mas — disse o morcego —, eu não sou um pássaro: sou um rato.

— Pois é — disse a fuinha —, agora que te vejo melhor; e soltou-o.

Algum tempo depois, o morcego foi apanhado da mesma forma por outra fuinha, e, como antes, implorou pela sua vida.

— Não — disse a fuinha —, nunca deixo um rato escapar por acaso.

— Mas eu não sou um rato — disse o morcego —; eu sou um pássaro.

— Ora, pois é — disse a fuinha; e ele também soltou o morcego.

Vê para que lado o vento sopra antes de te comprometeres.

O CÃO E A PORCA

Um cão e uma porca discutiam e cada um afirmava que os seus próprios filhotes eram mais belos do que os de qualquer outro animal.

— Bem — disse a porca por fim —, os meus conseguem ver, pelo menos, quando vêm ao mundo: mas os teus nascem cegos.

A RAPOSA E A CORVO

Uma corvo estava sentada num ramo de uma árvore com um pedaço de queijo no bico, quando uma raposa a observou e pôs a sua astúcia a trabalhar para descobrir uma forma de conseguir o queijo. Chegando e parando debaixo da árvore, olhou para cima e disse:

— Que ave nobre vejo acima de mim! A sua beleza é inigualável, a cor da sua plumagem é exímia. Se apenas a sua voz fosse tão doce quanto a sua aparência é bela, ela deveria, sem dúvida, ser a Rainha das Aves.

A corvo ficou imensamente lisonjeada com isto, e só para mostrar à raposa que sabia cantar, deu um alto grasnido. O queijo caiu, claro, e a raposa, apanhando-o, disse:

— Tem uma voz, senhora, vejo: o que lhe falta é inteligência.

O CAVALO E O CUIDADOR

Havia um cuidador que passava longas horas a tosquiar e pentear o cavalo de que estava encarregue, mas que diariamente roubava uma porção da sua ração de aveia e a vendia para seu próprio lucro. O cavalo gradualmente foi ficando em pior e pior estado, e por fim gritou para o cuidador:

— Se realmente queres que eu pareça liso e bem, deves pentear-me menos e alimentar-me mais.

O LOBO E O CORDEIRO

Um lobo encontrou um cordeiro a desviar-se do rebanho, e sentiu alguma compunção em tirar a vida de uma criatura tão indefesa sem uma desculpa plausível; então procurou um motivo de queixa e disse por fim:

— No ano passado, patife, tu insultaste-me grosseiramente.

— Isso é impossível, senhor — balouçou o cordeiro —, pois eu não tinha nascido então.

— Bem — retrucou o lobo —, tu alimentas-te nos meus pastos.

— Isso não pode ser — replicou o cordeiro —, pois eu nunca provei erva.

— Tu bebes da minha fonte, então — continuou o lobo.

— De facto, senhor — disse o pobre cordeiro —, eu nunca bebi nada além do leite da minha mãe.

— Bem, de qualquer forma — disse o lobo —, não vou ficar sem o meu jantar: e saltou sobre o cordeiro e o devorou sem mais delongas.

O PAVÃO E A CEGONHA

Um pavão zombou de uma cegonha pela opacidade da sua plumagem.

— Olha para as minhas cores brilhantes — disse ela —, e vê como são muito mais belas do que as tuas pobres penas.

— Não estou a negar — respondeu a cegonha —, que as tuas são muito mais alegres que as minhas; mas quando se trata de voar, eu posso pairar nas nuvens, enquanto tu estás confinada à terra como qualquer galo de capoeira.

O GATO E OS PÁSSAROS

Um gato ouviu dizer que os pássaros num aviário estavam doentes. Então, disfarçou-se de médico e, levando consigo um conjunto dos instrumentos próprios da sua profissão, apresentou-se à porta e perguntou pela saúde dos pássaros.

— Ficaremos muito bem — responderam eles, sem o deixar entrar —, quando já não te virmos mais.

Um vilão pode disfarçar-se, mas não enganará os sábios.

O GASTADOR E A ANDORINHA

Um gastador, que havia desperdiçado a sua fortuna e não lhe restava senão as roupas que vestia, viu uma andorinha um belo dia no início da primavera. Pensando que o verão havia chegado e que agora podia dispensar o casaco, foi vendê-lo pelo que valia. Uma mudança, no entanto, ocorreu no tempo, e veio uma geada intensa que matou a infeliz andorinha. Quando o gastador viu o seu corpo morto, gritou:

— Pássaro miserável! Graças a ti, eu próprio estou a morrer de frio.

Uma andorinha não faz verão.

A VELHA E O MÉDICO

Uma velha ficou quase totalmente cega devido a uma doença nos olhos e, após consultar um médico, fez um acordo com ele na presença de testemunhas de que lhe pagaria uma taxa elevada se a curasse, enquanto que, se falhasse, nada receberia. O médico, consequentemente, prescreveu um tratamento e, cada vez que a visitava, levava consigo algum artigo da casa, até que, por fim, quando a visitou pela última vez e a cura estava completa, não restava nada. Quando a velha viu que a casa estava vazia, recusou-se a pagar-lhe a sua taxa; e, após repetidas recusas da parte dela, ele processou-a perante os magistrados pelo pagamento da sua dívida. Ao ser levada a tribunal, ela estava pronta com a sua defesa.

— O queixoso — disse ela —, declarou corretamente os factos sobre o nosso acordo. Comprometi-me a pagar-lhe uma taxa se ele me curasse, e ele, por sua parte, prometeu não cobrar nada se falhasse. Agora, ele diz que estou curada; mas eu digo que estou mais cega do que nunca, e posso provar o que digo. Quando os meus olhos estavam maus, eu conseguia pelo menos ver bem o suficiente para saber que a minha casa continha uma certa quantidade de móveis e outras coisas; mas agora, quando, segundo ele, estou curada, sou totalmente incapaz de ver algo lá.

A LUA E SUA MÃE

A lua certa vez implorou à sua mãe que lhe fizesse um vestido.

— Como posso? — respondeu ela —; não há como ajustar à tua figura. Uma hora és lua nova, e outra hora és lua cheia; e entretanto não és nem uma nem outra.

MERCÚRIO E O LENHADOR

Um lenhador estava a derrubar uma árvore na margem de um rio, quando o seu machado, ricocheteando no tronco, voou das suas mãos e caiu na água.

Enquanto ele estava à beira da água lamentando a sua perda, Mercúrio apareceu e perguntou-lhe a razão da sua tristeza; e ao saber o que tinha acontecido, por pena do seu sofrimento, mergulhou no rio e, trazendo um machado de ouro, perguntou-lhe se era esse o que tinha perdido.

O lenhador respondeu que não era, e Mercúrio então mergulhou uma segunda vez e, trazendo um machado de prata, perguntou se era o seu.

— Não, esse também não é meu — disse o lenhador.

Mais uma vez Mercúrio mergulhou no rio e trouxe o machado que faltava. O lenhador ficou radiante ao recuperar a sua propriedade e agradeceu calorosamente ao seu benfeitor; e este ficou tão satisfeito com a sua honestidade que lhe deu os outros dois machados de presente. Quando o lenhador contou a história aos seus companheiros, um deles ficou cheio de inveja da sua boa sorte e decidiu tentar a sua sorte. Então ele foi e começou a derrubar uma árvore na margem do rio, e logo depois conseguiu deixar o seu machado cair na água. Mercúrio apareceu como antes e, ao saber que o seu machado tinha caído, mergulhou e trouxe um machado de ouro, como fizera na ocasião anterior. Sem esperar para ser perguntado se era o seu ou não, o sujeito gritou:

— Esse é meu, esse é meu! — e estendeu a mão ansiosamente pelo prémio: mas Mercúrio ficou tão enojado com a sua desonestidade que não só se recusou a dar-lhe o machado de ouro, como também se recusou a recuperar para ele aquele que ele tinha deixado cair no riacho.

A honestidade é a melhor política.

O ASNO, A RAPOSA E O LEÃO

Um asno e uma raposa fizeram uma parceria e saíram juntos para procurar comida. Não tinham ido muito longe quando viram um leão a vir na sua direção, o que os assustou terrivelmente. Mas a raposa pensou que viu uma maneira de salvar a sua própria pele, e aproximou-se audaciosamente do leão e sussurrou-lhe ao ouvido:

— Farei com que consigas o asno sem o trabalho de o caçar, se me prometeres deixar-me livre.

O leão concordou com isto, e a raposa então juntou-se ao seu companheiro e conseguiu, em pouco tempo, levá-lo por um fosso escondido, que algum caçador tinha cavado como armadilha para animais selvagens, e no qual ele caiu. Quando o leão viu que o asno estava seguro e não podia escapar, foi para a raposa que ele primeiro virou a sua atenção, e ele rapidamente a despachou, e depois, à sua vontade, procedeu a banquetear-se com o asno.

Traia um amigo e muitas vezes descobrirá que se arruinou a si mesmo.

O LEÃO E O RATO

Um leão adormecido na sua toca foi acordado por um rato a correr sobre o seu rosto. Perdendo a paciência, ele o agarrou com a pata e estava prestes a matá-lo. O rato, aterrorizado, implorou-lhe piedosamente que lhe poupasse a vida.

— Por favor, deixa-me ir — gritou ele —, e um dia eu te recompensarei pela tua bondade.

A ideia de uma criatura tão insignificante ser capaz de fazer algo por ele divertiu tanto o leão que ele riu alto e, de bom humor, o soltou. Mas a oportunidade do rato chegou, afinal. Um dia o leão ficou preso numa rede que tinha sido estendida para caça por alguns caçadores, e o rato ouviu e reconheceu os seus rugidos de raiva e correu para o local. Sem mais delongas, ele começou a roer as cordas com os dentes e conseguiu em pouco tempo libertar o leão.

— Aí está! — disse o rato. — Tu riste-te de mim quando eu prometi que te recompensaria: mas agora vês, até um rato pode ajudar um leão.

A CORVO E A JARRA

Uma corvo sedenta encontrou uma jarra com um pouco de água, mas havia tão pouca que, por mais que tentasse, não conseguia alcançá-la com o bico, e parecia que morreria de sede à vista da solução. Finalmente, ela teve um plano inteligente. Começou a deixar cair seixos na jarra, e com cada seixo a água subia um pouco mais até que, finalmente, atingiu a borda, e a esperta ave conseguiu saciar a sua sede.

A necessidade é a mãe da invenção.

OS MENINOS E OS SAPOS

Alguns meninos travessos brincavam à beira de um lago e, ao avistarem alguns sapos a nadar na água rasa, começaram a divertir-se atirando-lhes pedras, e mataram vários deles. Finalmente, um dos sapos pôs a cabeça para fora da água e disse:

— Oh, parem! Parem! Imploro-vos: o que é desporto para vós é morte para nós.

O VENTO NORTE E O SOL

Surgiu uma disputa entre o Vento Norte e o Sol, cada um afirmando ser mais forte que o outro. Por fim, concordaram em testar os seus poderes num viajante, para ver qual conseguiria mais rapidamente despojá-lo do seu manto. O Vento Norte teve a primeira tentativa; e, reunindo toda a sua força para o ataque, desceu furiosamente rodopiando sobre o homem, e agarrou o seu manto como se quisesse arrancá-lo com um único esforço: mas quanto mais forte soprava, mais o homem o envolvia apertadamente em si. Depois chegou a vez do Sol. No início, ele brilhou suavemente sobre o viajante, que logo desabotoou o seu manto e caminhou com ele solto sobre os ombros: então brilhou em toda a sua força, e o homem, antes de ter dado muitos passos, ficou feliz em tirar o seu manto e completar a sua jornada mais levemente vestido.

A persuasão é melhor que a força.

A MESTRA E AS SUAS CRIADAS

Uma viúva, poupada e industriosa, tinha duas criadas, a quem mantinha bastante ocupadas. Não lhes era permitido ficar muito tempo na cama de manhã, mas a velha senhora as fazia levantar e trabalhar assim que o galo cantava. Elas detestavam intensamente ter que se levantar a tal hora, especialmente no inverno: e pensavam que se não fosse o galo a acordar a sua mestra tão horrivelmente cedo, poderiam dormir mais. Então elas o apanharam e torceram-lhe o pescoço. Mas não estavam preparadas para as consequências. Pois o que aconteceu foi que a sua mestra, não ouvindo o galo cantar como de costume, as acordou mais cedo do que nunca e as pôs a trabalhar no meio da noite.

OS BENS E OS MALES

Houve um tempo na juventude do mundo em que Bens e Males entravam igualmente nas preocupações dos homens, de modo que os Bens não prevaleciam para os tornar totalmente abençoados, nem os Males para os tornar completamente miseráveis. Mas devido à loucura da humanidade, os Males multiplicaram-se grandemente em número e aumentaram em força, até que parecia que privariam os Bens de toda a participação nos assuntos humanos e os baniriam da terra. Estes últimos, portanto, refugiaram-se no céu e queixaram-se a Júpiter do tratamento que tinham recebido, ao mesmo tempo que lhe suplicavam que lhes concedesse proteção contra os Males e os aconselhasse sobre a forma de interagir com os homens. Júpiter concedeu o seu pedido de proteção e decretou que, para o futuro, não deveriam ir entre os homens abertamente em corpo, e assim ficarem sujeitos a ataques dos Males hostis, mas sim individualmente e despercebidos, e em intervalos pouco frequentes e inesperados. Daí que a terra esteja cheia de Males, pois eles vêm e vão como lhes apraz e nunca estão longe; enquanto os Bens, ai! vêm um a um apenas, e têm de percorrer todo o caminho do céu, de modo que são muito raramente vistos.

AS LEBRES E OS SAPOS

As lebres uma vez se reuniram e lamentaram a infelicidade do seu destino, expostas como estavam a perigos por todos os lados e carentes de força e coragem para se defenderem. Homens, cães, pássaros e feras de rapina eram todos seus inimigos, e as matavam e devoravam diariamente: e, em vez de suportar tal perseguição por mais tempo, todas e cada uma delas decidiram acabar com as suas vidas miseráveis. Assim, resolutas e desesperadas, correram em massa em direção a um charco vizinho, tencionando afogar-se. Na margem estavam sentados vários sapos, que, ao ouvirem o barulho das lebres correndo, a uma só voz saltaram para a água e se esconderam nas profundezas.

Então, uma das lebres mais velhas e mais sábia que as restantes gritou aos seus companheiros:

— Parem, meus amigos, coragem; não nos destruamos afinal: vejam, aqui estão criaturas que têm medo de nós, e que devem, portanto, ser ainda mais tímidas do que nós próprios.

A RAPOSA E A CEGONHA

Uma raposa convidou uma cegonha para jantar, e a única iguaria servida foi um grande prato raso de sopa. A raposa lambeu-a com grande prazer, mas a cegonha, com o seu bico comprido, tentou em vão provar o saboroso caldo. O seu evidente sofrimento causou grande divertimento à astuta raposa. Mas pouco depois, a cegonha convidou-a por sua vez, e pôs à sua frente um jarro com um pescoço longo e estreito, no qual ela conseguia enfiar o bico com facilidade. Assim, enquanto desfrutava do seu jantar, a raposa sentou-se faminta e indefesa, pois era-lhe impossível alcançar o conteúdo tentador do recipiente.

O LOBO EM PELE DE CORDEIRO

Um lobo resolveu disfarçar-se para poder atacar um rebanho de ovelhas sem medo de ser descoberto. Vestiu-se com uma pele de ovelha e misturou-se com as ovelhas quando estas estavam a pastar.

Enganou completamente o pastor, e quando o rebanho foi recolhido para a noite, ele foi fechado com os restantes. Mas, precisamente naquela noite, por acaso, o pastor, necessitando de carne de carneiro para a mesa, deitou a mão ao lobo por engano, pensando que era uma ovelha, e matou-o com a sua faca no local.

O CERVO NO ESTÁBULO DE BOIS

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